Urias - Urias (EP) [Exclusivo]


                 


Lançamento: 11 de Nov de 2019

Gênero(s): Pop, Brasileira

Gravador/Selo: Independente





NOTAS DOS EDITORES
“Tudo o que eu for falar é sobre uma perspectiva, uma visão trans. Coisas que acontecem com a gente. Para as pessoas terem oportunidade de verem pelos meus olhos, entenderem o que a gente passa”, avisa Urias, cantora transsexual de 23 anos e nova aposta do pop nacional, que acaba de lançar o seu primeiro EP com cinco faixas, produzido por nomes como Gorky, Maffalda e Zebu, e letras que trazem parceria com Kika Boom e Hodari.

Urias é de Uberlândia (MG), e foi lá que ela se tornou grande amiga de Pabllo Vittar, de quem foi assistente pessoal. “A gente se conheceu faz uns 7, 8 anos. Trabalhei com ela e aprendi muita coisa, abriu muito caminho para mim, com certeza, nunca vou negar isso”, conta a cantora. Foi com Pabllo também que Urias praticamente fez seu grande debut na música, ao dividir a canção “Ouro”, do álbum Não Para Não (2018). Antes, ela havia gravado versões de “Me Vira a Cabeça”, de Alcione, e “Meu Mundo é o Barro”, de O Rappa. “Considero [‘Ouro’] sim um divisor de águas. Ouvir minha música num verso que nunca tinha sido cantado antes por outra pessoa, foi bem marcante, com certeza. Estar num CD, nunca achei que fossem acontecer essas coisas.”

Quando tinha 14 anos, ainda em Uberlândia, Urias iniciou a carreira artística como dançarina de uma drag queen local. Ela tinha o sonho de fazer faculdade de moda, o que não aconteceu, mas o destino acabou levando a cantora para esse universo de qualquer maneira. Agora, ela acumula ensaios e desfiles na São Paulo Fashion Week. “Me vi realizando um sonho que tinha até parado de sonhar com ele por um tempo”, afirma.

Visibilidade LGBTQ+

Urias chega com um discurso poderoso em seu EP de estreia e não tinha como ser diferente, ainda mais no Brasil. Nos últimos oito anos, ao menos 868 travestis e transexuais foram assassinados no país, que lidera o ranking de países com mais registros de homicídios de pessoas transgêneras, segundo a ONG Transgender Europe (TGEu).

“Não existem muitas pessoas que tem o meu recorte social, que estão falando do que eu passo, para outras pessoas se identificarem”, revela Urias ao comentar a temática das letras. “Quem ouvir e se identificar vai entender do que estou falando. Mas quem não faz parte dessa vivência também vai curtir, porque é um som legal de curtir, de dançar.”

“É desafiador, estava com muito medo de qualquer coisa acontecer. É nestes momentos [de repressão e perseguição à comunidade LGBTQ+] que a expressão artística de um povo vem à tona. Em todos os momentos de muita crise para uma comunidade, ela se expressa artisticamente de uma maneira muito intensa.”

EP para dançar

“Quando fiz minhas músicas, fiz pensando em uma sonoridade que tinha mais a minha cara, não foi uma pressão de produtor nem nada. Curto muito os dois lados mesmo [mais romântico e mais dançante]. Pensei, ‘vou lançar uma música minha, como quero ser conhecida como artista? Como quero falar as coisas? Peguei todas as influências que tinha de pop, Lady Gaga, Rihanna, Beyoncé. Algumas mais b-sides também, como Solange, Janelle Monáe, Kim Petras. O EP foi uma coisa que foi acontecendo, uma mudança. De uma parte da minha vida para outra”, explica Urias.

E a aposta na sonoridade para as pistas deu muito certo. “Estou bem motivada, porque vi que fui muito bem recebida como artista, até pelo meio artístico, no sentido de trabalhar com pessoas de quem eu era muito fã”, comemora Urias, que está apenas começando: “Sinceramente, eu quero é mais mesmo, entendeu!”.

Leia abaixo o faixa a faixa do EP de estreia da Urias:

1. “Diaba”
“Pensei primeiro no clipe. Queria um clipe que contasse aquela história e uma letra que se encaixasse naquilo, mas que não fosse também tão óbvia. Quem me ajudou a escrever foi o Hodari, muito obrigada, inclusive, porque ficou tudo. O Zebu e o Maffalda fizeram a batida. Eles fizeram as primeiras batidas para a gente escrever em cima, e a gente foi trabalhando a letra. Queria que tivessem momentos na música, um momento mais frenético, um momento mais etéreo, de uma tranquilidade no meio daquele caos todo. A letra fala de muitas coisas que tentam esconder, mas é evidente. O que é considerado pecado é uma coisa que as pessoas querem muito. O corpo trans é muito desejado entre a população tradicional brasileira, estamos aí nas ruas e não é porque queremos. Quis dizer isso na música, sou o oitavo capital, porque a gente é tão apagada que nem em um dos pecados eles admitem que desejam a gente. Então, quis dizer isso: ‘Muito prazer, eu sou o oitavo pecado capital, vocês condenam estar comigo, mas me querem muito’.”

2. “Rasga”
“‘Rasga’ quem me ajudou a compor foi a Kika Boom, a gente partiu do pressuposto de… Vai parecer muito bobo o que eu vou falar agora, mas cada frase da música tinha de ser uma legenda para uma foto do instagram, entendeu? [risos] Queria fazer uma música mais para dançar mesmo, para se rasgar, e queria falar de outra maneira sobre coisas fúteis mesmo, de ser bonita, mas de uma perspectiva minha. Falar de uma autoestima que não se tira da gente.”

3. “Interlúdio”
“É meio que uma imposição de respeito, sabe? Eu quero respeito. Então é isso, o interlúdio é sobre isso, me respeita. Olha tudo por que passei para chegar aonde estou.”

4. “Frita”
“Queria fazer uma música em que só mudavam os ritmos e o jeito de falar a palavra, o Gorky pirou e teve a ideia de fazer uma ‘música frita’ com ‘Frita’, usando só a palavra frita. Vai ser uma música frita? Então a gente vai fazer uma música que se chama ‘Frita’, que vai ser muita fritação [risos]. É tipo isso. Amo as variações, os meninos foram muito bons, tipo assim, uma música de só uma palavra e a gente inventar muitos ritmos para essa palavra. Foi muito bom fazer.”

5. “Abracadabra”
“‘Abracadabra’ é sobre toda essa magia, todo esse feitiço que as pessoas têm com o corpo trans. Os homens ficam muito aflitos perto da gente, mas esse desejo é completamente velado, entendeu? É aquele babado, na hora de pegar na mão da travesti e levar ela para sair, não tem um que faz, sabe? É sobre isso, sobre esse encanto que causa e eu falando: ‘Não, chega!’. Mereço mais, sabe?”

FAIXAS DISPONÍVEIS:






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